O(s) mico(s) nosso(s) de cada dia

Sabe aqueles momentos constrangedores nos quais você, vivendo tranquilamente sua vida (ou não), olha por acaso (ou não) para uma pessoa, e esta dá aquele aceninho simpático, e você retribui igualmente um aceno simpático (mas mais próximo do patético), só pra descobrir que ela acenava para alguém atrás de você? Você instantaneamente coloca aquela mão ridícula no cabelo, ajeita os óculos, finge que bocejou. Esta última opção é a que considero melhor, porque aí você não precisa disfarçar seu sorrisinho idiota (uma tentativa de parecer simpático). Mas não tem jeito. Só da pra se sentir o próprio Tobey Maguire em Homem-Aranha 1, acenando para a Kirsten Dunst que nem sabia de sua existência. Parece que você está doido para receber atenção de qualquer um, porque você é um tosco solitário e anti-social. Não se preocupe, vão pensar mesmo isso de você, caso você não seja um daqueles “super-populares”, cujas mancadas viram motivo de risos simpáticos, e não motivo de chacota. Mundo cruel.


Eu sempre tenho medo do que as pessoas vão pensar de mim, em minhas mancadas. Hoje, saindo da universidade, dirigindo o carro, cheguei perto de uma lombada onde um casal esperava para atravessar. Mas quando olhei de longe para o cara, vi que o conhecia de algum lugar. Fiquei encarando ele com aquela cara de retardada, pensando “de onde eu te conheço?”, “de onde eu te conheço?”, e nem percebi que eu não estava freando o carro direito. De repente, minha mãe grita “Freia! Freia!”, e então eu dou aquela parada brusca, quase atropelando o casal, que passa pela maldita lombada rindo de minha cara de debilóide. O que eles devem ter comentado? “Aquela menina estava te paquerando, Paulo”. É, lembrei o nome do dito cujo bem na hora que parei a porcaria do carro. Foda.

E já que estamos falando nesses miquinhos da vida, tem mais um de ontem. Lá estava eu, (não tão) tranquilamente ligando para os números de uns consultórios, querendo saber se atendiam pelo meu plano de saúde. Lá pela quinta ligação, atende uma moça de uma clínica, e faço a pergunta. “Qual a especialidade?”, questiona ela. “Reumatismo”, respondo eu. Foda [2].

Sem mais micos. Pago muitos, mas esqueço a maioria.

Aconteceu muita coisa nesse tempo em que abandonei o blog. Não tenho vontade de citar nem a metade delas (da outra metade eu não lembro). Mas tem umas coisas que até não me importo de falar.

Por exemplo, finalmente li a trilogia do Senhor dos Anéis. Acreditem se quiserem, mas eu nunca sequer tinha visto os filmes. Isso foi bom, porque aí eu pude ler os livros sem saber como seria a história, e imaginar as coisas antes, sem ficar me perguntando como eu teria imaginado, se eu não tivesse visto o filme antes. Algumas pessoas que me conhecem bem podem rir desse comentário, porque, bem, eu sempre digo que não me importo com spoilers. Não me importo mesmo. Saber o que vai acontecer não me tira a vontade de ver um filme ou livro. Pelo contrário, às vezes até fico mais animada. Sei lá, eu gosto de ver como as coisas vão acontecer, as palavras que vão ser usadas no livro, as expressões dos atores no filme, o traço que vai ser feito nos quadrinhos... enfim. Não sei explicar isso muito bem. Vamos fechar os parênteses.

De qualquer forma, como seria de se esperar, viciei no Senhor dos Anéis e em tudo mais. E acho que acabou sendo bom ter demorado tanto pra ler a história. Se eu tivesse lido quando ainda era uma pirralha noob e preconceituosa (ainda sou um pouco), talvez não tivesse gostado tanto. Passei um bom tempo numa fase meio doentia de sempre estar vendo, lendo, assistindo qualquer coisa relacionada ao Senhor dos Anéis. Qualquer coisa mesmo. Fiquei louca de vontade pra ver “Um Olhar do Paraíso” só porque o diretor, Peter Jackson, é o mesmo do Senhor dos Anéis. Desenhei um Frodo. Vi horas e horas de vídeos extras sobre a produção e o elenco do Senhor dos Anéis. Assim por diante. Mas já passou um pouco. Estou lendo “Roverandom”, de Tolkien. É, não passou completamente. Sinceramente, nem quero que passe. É bom estar viciado em algo. Desvia sua mente facilmente de certos problemas sem solução, ou simplesmente mantém sua mente ocupada. E, como dizem por aí, “mente vazia é oficina do diabo”.

Roverandom, em minha defesa, é bem diferente do estilo do Senhor dos Anéis e até do Hobbit. É tão fofo quanto este último – talvez por serem ambos livros que Tolkien escreveu para seus filhos – mas o tipo de história é diferente. Em primeiro lugar, o protagonista é um cachorro. E um cachorro que existiu de verdade, de certa forma. Era um brinquedo de Michael, filho de Tolkien, que foi perdido na praia. Então Tolkien criou toda a história de Roverandom pra consolar o filho. Não é a coisa mais fofa desse mundo? Eu queria muito ter conhecido Tolkien, muito mesmo.

Acabei sem postar quase nada aqui durante as férias. Parece que eu só me inspiro pra fazer coisas quando eu não posso fazê-las. Mas quer saber? Se me bater a inspiração, de agora em diante, eu vou fazer. Nem sei se vou continuar no meu curso, mesmo, saporra.

A imagem de hoje não tem motivo nenhum para estar aí. Eu só gosto dela.

É isso aí. Até o próximo século, mosquinhas o/

O Mosqueiro

Alguns comentários desinteressantes sobre uma vida sem-graça e totalmente repetitiva.