"Emimesmada"



É engraçado notar essa contradição quase proposital entre nosso modo de agir e pensar. Se antes eu reclamava do excesso de rotina, agora me peguei sentindo falta dela, em todos os momentos em que me perdi no vazio temporal deixado pelos dias em que não tive aula...

É bem possível que, de fato, eu goste da rotina, talvez porque ela ao menos me dê alguma orientação sobre o que fazer, e me pressione, quando preciso (e quando não preciso também). Afinal, é bom ter algo fixo em que se embasar, quando se tem uma cabeça confusa como a minha. O tempo em que ela inexiste se prolonga e, proporcional e inversamente, aquele sentimento de responsabilidade vai aos poucos se esvaindo, esvaindo… até não sobrar quase nada, a não ser o sentimento de “acho que eu devia estar estudando agora”. “Mas o que estudar?”, pergunto-me em seguida, e vou fazer outras coisas. Ou, se decido estudar,sinto-me perdida, às vezes até angustiada, mais uma vez metida em um conflito entre minha vontade e minha consciência.

Por que eu andava, até pouco tempo, reclamando da rotina, então? Nem eu sei. É aí que entra aquela contradição que citei há pouco. Talvez todo aquele discurso de “eu quero liberdade” tenha sido, afinal, simplesmente uma maneira de esconder o que eu realmente sou, uma moça certinha e paranóica, que gosta de coisas esquematizadas, em linha reta, de procedimentos desprovidos de inteligência. Eu vivo criando mentiras para esconder o que realmente sou (não que faça propositalmente), e ouso dizer ainda que muitos outros fazem o mesmo, quiçá todos nós. Só queria entender o motivo exato disso, por que sentimos tanto medo de nos expressarmos como realmente somos, por que isso se enraizou tão profundamente em nosso subconsciente (ou seria inconsciente?) a ponto de termos tomado esse escudo como algo tão tácito que deixamos de notar os momentos em que estamos protegidos por ele. Quem sabe, muitas daquelas vezes quando sentimos uma tristeza inexplicável, repentina, seja devido a isso, a essa repressão corrompida, corrosiva, que nos impuseram. Mas quem exatamente nos impôs isso, de qualquer forma?

Nesse sentido (e ao mesmo tempo, “por outro lado”), eu sei que, no fundo, muito do que “sou” é meramente fruto da inveja que sinto das pessoas ao meu redor, embora eu ainda ache “inveja” uma palavra muito forte, até pecaminosa (resquícios da época em que era religiosa?). Sendo ou não inveja, o fato é que eu só sinto o impulso (por vezes, desespero) para estudar quando observo colegas que estudam e noto o resultado que o esforço trouxe para eles. Não só nos estudos, mas em muitos outros aspectos de minha vida também. Com filmes, por exemplo, já que comecei a prestar maior atenção neles depois que me vi rodeada de amigos amantes de cinema. Mas não chega a ser como se tudo em mim fosse artificial. Eu não sei mais, e acho que já falei isso em outra oportunidade, até que ponto faço algo para acompanhar os outros ou pelo simples prazer em fazê-lo. Ando passando por uma fase muito confusa, meio embaçada, e não consigo mais enxergar bem o que passa realmente pela minha cabeça. Costumo pôr a culpa de tudo isso na mudança não-mais-tão-recente-mas-ainda-assim-súbita de... rotina. É. Querendo ou não, ela é uma das bases de nossa vida. Ou apenas da minha, vai saber.

Só existem algumas coisas das quais tenho plena certeza de gostar, além de chocolate. São coisas que sinto meio como “meus gostos puros”, que desenvolvi desde minha infância, época em que não me importava com o que os outros diriam a meu respeito (saudades disso). É uma pena eu não ter desenvolvido habilidades excepcionais em nenhuma delas: ler, escrever, desenhar. Não, eu não digo isso para me fazer de coitadinha e pedir elogios, eu sei que não escrevo tão mal (ou não teria feito este blog), não sou tão ruim de desenho e pelo menos estou me interessando por livros mais produtivos, mas o fato é que nunca me destaquei em nada do que falei. Não sei se isso é algum tipo de sentimento mesquinho e mimado, competitivo mesmo, e gostaria se não fosse, mas, independentemente do que seja, eu constantemente me sinto mal por nunca ter sido “a melhor” em nada, em qualquer lugar em que tenha representado algo. Sempre há alguém melhor que eu. Às vezes meu orgulho me faz, em princípio, desenvolver um rancor quase assassino contra essas pessoas, às vezes não; porém, invariavelmente, sempre que eu levo um “tapa na cara” como esses, minha auto-imagem, a qual demorei tanto tempo para reconstruir, juntando qualquer pedacinho bom ou ao menos apresentável que tenha, por sorte, encontrado, de repente se desmorona por completo, os pedacinhos cuidadosamente reunidos se descolam em uma explosão aquática (porque água? bem, é só a imagem que me veio à mente) e são levados pela correnteza…

(Isso me lembra uma música de Regina Spektor, Ode to Divorce. "So break me to small parts, let go in small doses, spare some for spare parts, there might be some good ones"... Muito boa, por sinal.)

Hoje pensei muito nisso, nessa minha incapacidade e falta completa de talentos, e fiquei bastante atormentada. Mas, por vezes, ficar me torturando com lamúrias finalmente cansa, e foi por isso que decidi tomar alguma atitude séria (embora eu já tenha decidido fazer isso inúmeras vezes). Chega de ficar o tempo todo estudando e esquecendo as coisas que eu realmente gosto de fazer. Eu não escolhi meu curso para ser uma aluna brilhante, até porque em muitos aspectos ele não tem NADA A VER comigo - ou pelo menos é o que venho tentando me convencer. De qualquer forma, o que importa é que não quero ver o tempo passar enquanto eu mofo em cima dos livros e desenvolvo problemas na coluna. Prefiro que isso aconteça enquanto desenho, enquanto escrevo, enquanto leio um livro que não me faça ter vontade de dormir (estou sendo cruel demais com meu curso, assim parece até que o odeio, o que não é verdade), ainda que eu nunca consiga desenhar ou escrever profissionalmente ou ter um gosto excepcional para livros. Só que eu também jamais saberia se eu tenho capacidade para tal se eu nunca tentasse e, portanto, decidi, de novo, correr atrás e recuperar o tempo perdido. É por isso, inclusive, que estou escrevendo de um jeito meio diferente, hoje (espero que não esteja parecendo pomposa ou intelectualóide, não é meu objetivo). Já é para treinar um pouco.

Enfim, falemos de coisas mais felizes e mais descomplicadas. Depois de tomar minha decisão, passei a ler com mais afinco o livro de Francine Prose. Acho que estou indo bem, porque, das duas ou três horas que o peguei para ler, já avancei umas 40 páginas. O livro é realmente muito legal. Os exemplos que a autora dá são totalmente empolgantes, e ela realmente está me fazendo parar para reparar no modo como cada autor escolhe palavras, constrói frases, quebra parágrafos, desenvolve narrativas, apresenta e explora personagens. Acho que, afinal, fiz uma boa escolha quando, num súbito impulso consumista, olhei para a cara do livro na loja, li as orelhas e decidi comprá-lo (foi bem assim, mesmo). Se der para manter meu tempo organizado como está agora, acho que daqui para o fim do ano eu consigo terminar esse livro e ler mais uns dois. Agora eu realmente me empolguei com isso. Estou até voltando a brincar com novas palavras, como a que vi hoje, “ensimesmado”. Palavra engraçada. Já a tinha visto antes, mas foi a primeira vez que procurei seu significado no dicionário. E o mais engraçado de tudo é que, de todas as outras vezes em que tinha me deparado com ela, supus certeiramente seu significado: “voltado para si mesmo”. Fiquei um bocado de tempo pensando na razão para isso, até perceber. Em-si-mesm-ado. Tão interessante! Eu intuitivamente já tinha percebido isso, pelo jeito. Acho que vou usar essa palavra pelo resto da vida. Até porque ela tem tudo a ver comigo - e com este blog também, por sinal.

Para o desconsolo de todos, ainda estou viciada em Naruto (se você não quiser me ouvir falando nisso, pule este parágrafo). Eu estou pirando com o capítulo desta semana, porque vi os spoilers e, finalmente, Sakura chegou. ELA CHEGOU!! Depois de 9 capítulos! Tudo bem que ainda não vai ter a conversa propriamente dita no capítulo dessa semana, mas pelo menos já demos um grande passo. Espero que todas essas semanas de espera não tenham servido para nada. Acho que eu entro em depressão se a conversa dela com Naruto for uma idiotice. Provavelmente vai ser. Melhor eu me preparar.

Também tenho estado muito viciada em Piratas do Caribe, nos últimos dias. Isso porque, finalmente, comprei a trilogia completa, e assisti o terceiro filme, que não tinha visto ainda. Mas o final foi uma decepção imensa. Eu até aceito que Elizabeth fique com Will, apesar de preferir MIL VEZES Jack Sparrow, mas, francamente... DEZ em DEZ anos?! Credo. Os românticos que me perdoem, mas eu fico muito agoniada com isso. Elizabeth, vá atrás do Jack, porra! Que droga. Foi por causa disso que saí procurando na internet por notícias e, como havia imaginado, parece que estão mesmo planejando um quarto filme. Só que Dick Cook, produtor dos filmes, a quem Johnny Depp creditava todo o sucesso de Piratas do Caribe, foi demitido da Disney e, com isso, Depp também anunciou que estava se retirando. Mas que BOSTA. Dizem que ele não pode desistir do quarto filme porque já está com contrato assinado, mas o quinto filme (dizem que haverá até o sexto) já não terá mais Jack Sparrow. Calma, ainda vai piorar. Para substituir Johnny Depp, estão considerando como candidato Robert Pattinson. ROBERT PATTINSON, o BUNDÃO que fez Edward, em Crepúsculo. DÁ PRA ACREDITAR? Johnny Depp, fodão, lindo, fodão, gostoso, fodão, deus grego, fodão, substituído pelo “oi-mecoma-que-eu-sou-gatxinho-tá?” do Robert Pattinson, aquele bocó desprovido de talento E DE BELEZA TAMBÉM. E pior, o que vão fazer com Jack Sparrow para justificar seu sumiço da saga? Vão matá-lo? Puta que pariu, acho que prefiro que o mundo acabe antes disso.

Uau, estou falando muito hoje. Eu estava pensando em falar mais coisas, só que assim ninguém vai ter coragem de ler tudo. Melhor parar por aqui. É que eu me empolgo escrevendo, parece que eu sempre tenho o que falar (basta ver meu twitter). É engraçado, porque eu sou bem calada, na verdade...

A imagem de hoje é apenas o plano de fundo da minha área de trabalho, mas, como falei em Johnny Depp hoje, nada melhor que enfeitar meu blog com ele. Bem, até mais, mosquinhas o/.

3 moscas:

Projeto de Arquiteta 20 de outubro de 2009 às 08:38  

olha aqui, mosca é a... ¬¬

hauhuahuahua
brincadeirinha

Eu queria te dizer que eu entendo o que você quer dizer >_< por sinal, me identifiquei com várias partes desse post... vai ver porque você sou eu e eu sou você...
Também é uma coisa que me agonia não ter conseguido ser realmente boa em nada... eu sempre disse, não importa o que eu faça, eu sou sempre um meio termo u_u"

E, PUTA QUE PARIU, ROBERT PATTINSON? fala sério, por que não jogam o filme logo no lixo? ¬_¬
Sério mesmo, esse cara resolveu acabar com todos os filmes agora? Porque, embora eu tenha me desapontado com o resto da série Twilight, o primeiro livro era bom... só que aquela atuação dele somada com todo o resto... PUTZ... e fala sério, quem disse àquele cara que ele é bonito? AFF

Projeto de Arquiteta 20 de outubro de 2009 às 08:42  

Ah sim...

HAUHop9iPAHLBSHOsub gdbnadsjuhafus d.. cof..cof... MEUDEUSDOCEU! O que é esse homem?????? T_T Ele tá muito lindo nessa foto!!!!!!!

*Morre*

Flofa 21 de outubro de 2009 às 16:22  

HAUhauahuHA, é bom saber que alguém entende essas minhas ladainhas XD. Pelo menos é sinal que pode acontecer com todo mundo. Dá uma certa esperança de ser alguém melhor, né? Pelo menos comigo é assim. Se bem que pode ser mesmo só porque eu sou você.

Desculpa pelo "moscas" é que eu achei que ficava bonitinho =D.(?)

Pois é, Robert Pattinson, ninguém merece. Já chorei tudo o que tinha pra chorar por isso, agora eu me conformei, o mundo é uma droga mesmo. Espero que as notícias que vi tenham sido falsas, todas elas, com exceção da existência de um quarto filme XD. Eita, e é verdade, esse féladaputa é o maior estragador de séries da face da terra. Eu não teria tanto abuso de Twilight, hoje, não fosse por aquele "filme"(não sei nem do que chamar).

É, Johnny Depp é o cara. Eu casaria com ele, mesmo ele tendo idade pra ser meu pai(peguei essa frase de Raquel e Flávia, minhas primas). E eu tenho a felicidade de ver essa imagem todos os dias em tamanho extendido, já que é meu plano de fundo ;D. Dá uma acalmada quando eu tô nervosa, sabe... huashuashuashusa

Beeijo, obrigada por comentar ;**

O Mosqueiro

Alguns comentários desinteressantes sobre uma vida sem-graça e totalmente repetitiva.